Ah Valentim, Valentim, tão arredio tão longe de mim Sê mais valentão e oferta-me algo Algo tangível, que eu possa tocar com a mão Algo tangível, mimoso e mágico Que me ponha a sonhar com a lua E tu sabes de quem eu gosto, oh se sabes! Aqueles olhos lindos, lindos de cristal Refletem luz e alma, Belos e mágicoso como o arco-íris Como queres que tenha calma? Anda fugida de mim Deixou-me só, neste deserto lunar Essa coisa que me dás,oh valentim, não é lua Sem fases ou luar Oh valentim, qual é a tua? Como eu gostava de nela alunar
Senti um bater de asa, na vidraça
E que graça!
Uma ave airosa, chegou fria
E carente
Dei-lhe abrigo, em meu coração.
E como pulsa meu querer,
De contente,
Imagino-te vistosa
De olhos verdes, atrevidos
Os seios recolhidos,
Ansiando pelo verbo acontecer
E a chuva bate loucamente.
O vento rodopia,
Uiva e pede atenção.
São fortes esses gemidos
De ais ou gritos de alguém,
A quem custa a contenção
Longe, longe
o amor anda em vaivém.
Sozinho, em afagos contigo,
Qual beija-flor, alinhavo versos,
De puro entretém.
Nesta tarde fria,
De vento e chuva que rodopia
Se enternece meu ser,
Ávido de mimos,
A necessitar de se aquecer.
É a saudade,
A recordar-te, com emoção
Algo bate na vidraça,
E que graça,
O vento não traz maldade
Apenas despertou com vivacidade
Uma grata e terna recordação
Silêncio e solidão,
não quero não…
Meu Alentejo, quero teu pão
Minha borboleta, quer dançar
ou voar, na calma de um sonho
Seja Inverno ou Verão
Ofereço-te a luz da planície
A calma
A ilusão,
o sonho,
A dança e a contra-dança
o abraço, feito esperança
Um tango bordado, na perfeição
O mar está mesmo ao lado,
Aventura madura
Um consolo,
Vamos à bolina.
A vela te espera,
com jeito e bem segura.
A caravela navega,
Barca bela, de seda fina
Sonho lindo,
E o mar está bem lavrado
O luar move-se, meu aliado
Ilumina-te a alma, de meiguice
Sol e lua, o amor em teu lado
Que belo o ninho, já o disse
Meu afago doce, de ternura
Sinto carinho, sol em teu olhar
A noite corre, em mansidão
Miro a beleza terna e a alvura
Beijo o luar em teu coração
Minha mão, tua alma segura
Este é o canto, de puro encanto
Oh Alentejo da doce ventura
Nos dás o pão, nós o coração
doce troca, no forno de cozedura
Dia e noite
Noite e dia
Ou à hora do meio-dia
revivo, bem acordado,
Divago…
Recordo a cor do sol
E aquela fonte viva,
Paraíso de mil cores
Raro lugar, para amores
Nela, dos calores te libertei
E dos amores, delirei
Teu rosto iluminado
Me via, esperançado,
Abençoado com teu olhar.
As almas pairando,
Como se acariciando
A natureza em redor
Observava com bonomia
O carinho que via
Naquele dar-se de amor
Cantava a fonte e dizia:
- De amor, sei que vos amais!
Limpai vossos temores,
Esquecei vossos horrores
Esquecei os rumores
de quem mal vivia,
Vede o amor dos pardais!
Na árvore defronte,
Abalaram os demais
Nos abraçámos os dois
Com o aplauso dos pardais.
As carícias vieram depois
E que dizer de teus ais?
Naquela fonte que te lavou
As cores ao redor, tudo pasmou
Com tanta formosura tua
com o mel de teu olhar, fascinando
tanta candura e formosura tua
Mais ninguém se dessedentou
A não ser o sol e a lua
a luz a vai iluminando
alma minha, alma tua
Em teus olhos claros de mel
Cobicei ternura e carinho
Bati a tua janela, para entrar
Senti tu em mim, a aliciar
Osmose de desejos, no ninho
Corpos em união, sem papel
Senti teus húmidos lábios
Amar, amar como os sábios
Em teus olhos claros, volúpia
Teus ais doces como pastel
De Belém, a canela a estalar
As línguas a tocar-se no céu,
Puro amor, mar e harmonia,
Sábia de amor e seus segredos.
Mas veio a nuvem e seu véu
Sofro de dores de melancolia
Sonho com teu seio, ao léu
Fruto divino, em meus dedos
Na Estrela, pura e bela
Junto do sol e da lua
Abro minha janela
Mirando por cima das nuvens, fascinante...
Ora céu azul, ora teu olhar claro
Ouvindo, num cantar radiante
Melodias de colibri….
e como eu gosto de ti,
melodia que balanceia
Sinto a envolvência do luar,
a seduzir,
ou o teu olhar a reflectir…
lua cheia,
Teu corpo é divino
Vou pintar-te na tela
E eu adivinho teu ninho,
num afagar de carícias,
navegar em tua caravela
Com sorriso nada avaro,
Entro em teu olhar claro,
Na Estrela, pura e bela
Junto do sol e da lua
Sorte a minha, sorte a tua
Largo meu barco à vela
Vou cuidar das colmeias,
das abelhas e do mel,
para provar ao luar...
sedutor,
em dias de encantos,
certos olhos beijar, ou cantar
entre versos e delícias,
ouvir o rumor do mar
e teus pés beijar,
com a espuma a enrolar
Sorte a minha, sorte a tua
o mar a namorar
Quero beijar a lua
Teu querer
Tira-me os olhos do chão
Imagem sedutora cheia de atracção
Olho comovido, meu sonho de vida
Beijo teus pés, minha musa querida
Procurar tua luz, é minha inclinação
Teu querer, tira-me os olhos do chão
Viro-me para o céu buscando o luar
Sinto na pele uma leve brisa sensual
Sopram do sul tons ternos, a cativar
Cheiros silvestres, odores do natural
Procurar tua luz, é minha inclinação
Busco calor, para meus frios deixar
Aqueço-me em teu luar, minha luz
Todo meu ser rejubila, a adivinhar
A ilusão a que teu amor me conduz
Teu querer, tira-me os olhos do chão
Beijo teus pés, minha musa querida
Procurar tua luz, é minha inclinação
Adoro teu olhar, meu sonho de vida
Quero merecer-te, em total dedicação
Teu querer, tira-me os olhos do chão
Vida e talento, por Deus ofertado
Coração que sente, vida da gente
Dádiva pura, chegou destreinado
Pulsa de vida, batendo bem forte
Cansado com dores, descuidado
Ora apressado, a rir emocionado
Ou irritado, a pressentir desnorte
Bate, bate, bate forte, bem ritmado
coração de dor, ou querer de amor
O homem nasceu pouco avisado
O amor trafica direitos de autor
Olhar belo, eterno
Cor de mar
Odor a maresia
teu brilho é luar
A Lua é poesia
reflexo de magia
Em face doirada
Em tua penumbra
quero sambar
beijo sobre beijo
versos a rimar
Ganhar meu pão
pintar-te ao luar
vida de desejo
Ditosa flor,
de fino aroma
sensual humor
leve, feita pluma
Em teu olhar fino
na luz, delicado
Sigo um destino
leve e perfumado Enseada em reboliço,
Tu és onda, eu espuma
me sinto um castiço,
a paixão se avoluma Doce rebentação,
par de par em par
aparente ebulição
Tu a onda, eu o mar Espuma na areia
A enrolar
Onda que volteia
Ouve seu murmurar A espuma a abrir,
a onda a sorrir
Que belo o mar,
nesse beijar
onda de espuma
sensual pluma
que belo o mar
em suave namorar
O mar em reboliço
onda e espuma,
belo fado castiço